sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

FELIZ 2013!!!!

                                                                      IMAGEM NET

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL!!!

 
Natal -
 
"Que o espírito natalino da paz se personifique na família e nas ruas de sua cidade. Que os abraços fraternos sejam mais constantes, que o riso seja fácil. Que o prazer em compartilhar e doar-se para o bem seja sentido. E que a oração seja partilhada e ouvida. Que seu desejo de alegria seja tão forte a ponto de que resista ao desejo de transmiti-la para outras pessoas também.
Deixe o Natal invadir a sua alma entre os perfumes das comidas deliciosas, das roupas novas. Abrace-se a tudo de mais puro que você tem, junte-se a pessoas que te amam e, no silêncio de seu coração, torne sua prece verdadeira para subir aos céus e retornar como o mais puro presente: o suave perfume do aniversariante, o perfume da paz, da fé, do amor, da harmonia e do forte desejo de esperança para que todos os dias sejam como os dias de Natal.
Um Natal cheio de luz e paz a todos! " - ULISSES

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

ESPAÇO COLETIVO - REFAZENDO A VIDA por Rolando Lazarte

Refazendo a vida

*Por em 16/12/2012
 
 
A gente vai criando a sua própria biografia. A nossa vida pode estar totalmente nas nossas mãos, se formos capazes de ir construindo a toda hora, nosso próprio tempo. A minha vida pode ter ficado presa em imagens e palavras que acreditei me contivessem, ou dissessem de mim o que sou, mas eu não sou isso, eu sou isto, este que hoje refaz ponto por ponto toda a sua caminhada.
Em um certo momento da minha vida comecei a me trazer para o papel. Comecei a escrever sobre mim e sobre o mundo. Sobre cosas que aconteceram e com as quais tinha ficado identificado. Mas eu não era aquilo. Eu sou isto, eu sou este que escreve estas coisas. No decorrer de todos esses anos de escrever, de ler, literatura e poesia, aos poucos fui criando outra visão de mim mesmo e da minha vida.
Eu não era aquilo com o qual equivocadamente tinha me identificado. Eu era e sou este que escreve e reescreve constantemente a sua própria biografia. Hoje posso dizer com franqueza, que habito em um mundo novo, o mundo que eu sou. E este mundo faz parte de um mundo maior que contém a minha família, os meus amigos, essa trama estreita em que acontece a vida. Eu achava que era tão diferente de todo mundo, mas não sou.
Somos todos muito parecidos uns com os outros e os outros com os uns, pois isto é recíproco e verdadeiro. E neste re-espelhamento contínuo, fui me vendo e vendo gente querida do meu mundo, como luzes em composição, como mandalas flutuantes no espaço. Como se fossemos os humanos, composições de cristais que convergem para um ponto e daí se expandem. A sensação de estranheza e estranhamento foi cedendo a uma de pertencimento e familiaridade.
Tem-se estreitado a trama da vida, e isto é muito bom. A gente anda agora num chão antigo, imemorial. Quando saio para caminhar, quando ando por aí, quando vejo gente em volta e flores e pássaros e céu e nuvens e mar, sou tudo isso, nessa dança de cores e cristais em diástole e sístole: a pulsação cósmica, a pulsação da vida. Fui fazendo a minha própria biografia, que refaço a todo instante, para frente e para atrás, e o futuro e o passado se constituem como um único tempo, coeso, eterno.
E este refazer da minha própria biografia se fez e se faz e continua a se fazer e refazer, nesse jogo de xadrez que é a própria vida. Um jogo em que nunca sabemos exatamente qual será o próximo movimento, mas que, olhando em perspectiva e para tudo em volta, vê se a extensão infinita do tabuleiro. E nós, peças, jogadores, quem sabe, nesse jogo eterno que é a vida.
A literatura e a poesia foram me dando outros reflexos de mim mesmo. Seres queridos muito perto, novas costuras, novos e antigos reflexos. E neste jogo contínuo de reconstrução permanente, cada instante emerge como algo novo, em uma eternidade sempre mutante, da qual tudo faz parte, numa diástole e sístole, na respiração do universo.
 
* Rolando Lazarte, sociólogo, terapeuta comunitário, escritor. Membro do MISC-PB/Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba, e do GEPSMEC-Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental Comunitária da UFPB. Acesse os blogs http://rolandolazarte.blogspot.com/ e http://rolandolazarterapeutacomunitario.blogspot.com

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

ESPAÇO COLETIVO - Rolando Lazarte

Rolando Lazarte

imagem:http://www.facebook.com/rolando.lazarte.779

Atitudes

                      * em 07/12/2012
 
Desde há já bastante tempo, venho observando diversas críticas que vem sendo endereçadas, com toda justiça, diga-se de passagem, às diversas decisões da hierarquia da Igreja Católica de diversos países do mundo, ou a atos envolvendo esta hierarquia. Não tenho a menor dúvida, repito, que estas críticas são cabíveis e adequadas, dado o crescente envolvimento destas autoridades do poder eclesiástico, em delitos de diverso tipo. Desde violações dos direitos humanos, como é o caso das acusações sobre a associação do alto clero católico com os crimes contra a humanidade perpetrados em países da América Latina, até casos de pedofilia, discriminação contra mulheres, etc. Tudo isto é certo, delitos são delitos, e não há nada que possa desculpar o necessário castigo que eles merecem, quando comprovados.
Mas o que não deixa de me inquietar, é o quanto a gente se prende aos atos do poder, na crítica aos atos do poder. O que quero dizer é bastante simples, e até pode parecer infantil ou ingênuo, mas não o é. Pode se resumir talvez nestas perguntas que me faço: O que é que eu preciso, como cristão, como ser humano, como pessoa deste tempo em que tanto sofrimento à minha volta exige, com crescente urgência, o meu envolvimento em ações concretas em defesa da vida, para cumprir com o mandado da minha consciência, do meu sentimento e da minha mente? Preciso de alguma autoridade externa, de alguma instituição que me diga o que devo fazer, ou preciso de uma atitude de humildade e compromisso, de me dispor a fazer o que posso, para melhorar a mim mesmo no seio das redes sociais em que estou envolvido, e desta forma melhorar também esse mundo que todos sabemos que deve mudar, onde a injustiça e o poder imperam?
Faço estas perguntas com o intuito de não perder o foco. Todos precisamos de nos inserirmos em redes sociais para poder por em prática os nossos sonhos. Nenhuma tarefa humana pode ser realizada com prescindência de coletivos em cujo interior vá sendo construída uma nova humanidade. E estas redes começam na família, nas relações com as pessoas com quem partilhamos o nosso dia a dia. Não concebo que nesta altura da minha vida, ainda tenha a expectativa de que alguma mudança institucional poderia me por no rumo do que o meu coração me aponta. Creio que todas as instituições devem melhorar, mas a mudança institucional não é o eixo da minha atuação. Trato de permanecer numa atitude de fazer a cada instante o que meu coração aponta, de maneira que meus atos estejam alinhados com a vontade de Deus. E para isto, apenas necessito da minha rede social, um pequeno tecido em que vivem as esperanças que dão sentido à minha vida. Um pequeno conjunto de pessoas (ou não tão pequeno) que tentam cuidar de si mesmas cuidando dos demais.
Encontrei na Terapia Comunitária Integrativa criada por Adalberto Barreto, esse sentido maior, que se renova a cada dia. Creio que cada pessoa há de ter esse seu pertencimento, que na TCI tentamos manter vivo com pequenas ações no sentido da recuperação da pessoa humana. Ao cuidar dos outros, cuido de mim mesmo, e a minha razão de viver, o sentido de eu estar vivo, de ter acordado para mais um dia, se agiganta, mas de maneira muito ajustada. É o trabalho das formigas. Cada dia um pouco. A TCI age onde as famílias e o governo falharam, e, poderíamos dizer, onde as igrejas também falharam. Venha acreditar no meu Deus, venha seguir meu partido, venha fazer o que eu digo. Esses caminhos levam à dominação, à dependência. A gente na TCI tenta que a pessoa vá se deixando cada vez mais levar pelo seu próprio ser interior, pela sua criança interior, seu primeiro mestre. Mais autonomia, menos vitimização. Mais co-responsabilidade. Menos expectativa de que alguém de fora possa preencher o seu sentido de vida. Estas reflexões apenas pretendem deixar sair alguns sentimentos.
 
Rolando Lazarte, sociólogo, terapeuta comunitário, escritor. Membro do MISC-PB/Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba, e do GEPSMEC-Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental Comunitária da UFPB. Acesse os blogs http://rolandolazarte.blogspot.com/ e http://rolandolazarterapeutacomunitario.blogspot.com

domingo, 11 de novembro de 2012

Mudança nos Polos Magnéticos - A Ciência se dobra as Profecias

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face,
em todas as épocas da humanidade"
Allan Kardec
Joahdi, Rathal Zeh e Tania Resende
Fonte: Anima Mundhy

"...Desde o início do ano de 2012 tenho percebido que muitas pessoas queixam-se de cansaço – não apenas físico, mas também cansaço emocional e mental, gripes e resfriados longos, certa irritabilidade, depressão, falta de vontade em realizar atividades diárias.Escrevo esse texto junto com Joahdi, que me traz mais uma informação importante sobre o tema:as alterações no Campo Eletromagnético da Terra é mais um dos fatores que leva os Seres Humanos a sentir cansaço.Vamos entender um pouco mais:O que é o Campo Eletromagnético da Terra? Qual é a sua relação com os seres vivos?A Terra, como também os outros planetas, é dotada de um sistema de linhas de força chamado de Campo Eletromagnético, que associa forças elétricas com forças magnéticas.A ciência já comprovou que os seres vivos (minerais, vegetais, animais e humanos), recebem fortes interferências – positivas ou negativas – do Campo Eletromagnético da Terra e os corpos precisam estar em equilíbrio e em harmonia com o Campo Eletromagnético para que a saúde física, emocional e mental seja Perfeita.Joahdi diz que os seres vivos se alimentam das forças eletromagnéticas, assim como também se direcionam por ela.Quando um planeta vai elevar-se para dimensões superiores, um primeiro aspecto a começar a transferir-se é o seu eletromagnetismo.Através dessas alterações, a forma física de um planeta é impulsionada a abrir-se para receber alimento eletromagnético de forças superiores, que entrarão no planeta com dupla função: purificar todo o sistema para que se coloque em condições de elevar-se e complementar a alimentação eletromagnética para que o planeta não “perca” o corpo antes de acessar o próximo nível.O que são as alterações do Campo Eletromagnético? Qual é a sua relação com os seres vivos?Alterações no Campo Eletromagnético da Terra são naturais e acontecem o tempo todo, dentro de uma margem de variação de um local para outro, dependendo do tipo de rochas e dos fenômenos naturais presentes.Por exemplo: uma tempestade com raios gera uma alteração temporária no eletromagnetismo do local onde o fenômeno acontece.Porém, cientistas comprovaram que a força eletromagnética da Terra como um todo estádiminuindo e neste momento estamos sentindo os efeitos disso de forma mais consciente.De acordo com professor Banerjee, da Universidade do Novo México – EUA, o campo reduziu sua intensidade à metade, nos últimos quatro (4) mil anos. Note que esse processo é gradativo e, de certa forma, lento.Cientistas como Greg Braden e outros, concluíram, a partir de pesquisas e observações, que qualquer alteração no Campo Eletromagnético da Terra afeta os padrões de sono, podendo gerar tanto a insônia como a sonolência; interfere na regulação do sistema imunológico; estimula apresentação de certos sintomas como: enxaquecas, cansaço, sensações elétricas na coluna, dores no sistema muscular, irritação ou depressão; desânimo; sinais de gripe e/ou sonhos intensos.Todas as atividades que te preencham de energia são necessárias este momento para que você se sinta melhor durante a ascensão de Gaia e a sua própria.Tudo isso e muito mais está disponível a todos e Eu sugiro que comecem a prestar mais atenção aos seus sistemas energéticos, pois bem ao contrário do que muitos de vocês ainda pensam, é a energia que move os corpos físico, emocional e mental e lhes mantém vivos! As dicas :
1. Beba bastante água.Água é um condutor de energia, além de ser um purificador de toxinas muito mais potente do que imaginam. Seus médicos recomendam 2 litros de água por dia e Nós concordamos com eles, embora Eu sugira a você que fique atento ao que o seu corpo pede, pois mais de 2 litros ao dia pode ser requisitado por seus sistemas.
2. Faça caminhadas regulares ou faça exercícios físicos frequentes, pois ao movimentar o corpo você está ajudando a circular a energia e ainda estimula o seu organismo a gerar sua própria energia, através dos hormônios e chacras espalhados pelo corpo.
3. Meditar todos os dias te ajuda a fazer as conexões com as energias superiores a fim de suprir-se com elas.
4. Traga energia para si mesmo.Faça uso de alguma aplicação de energia com as suas próprias mãos em si mesmo. Se você já é iniciado em uma técnica de imposição ou cura através das mãos, use-a com frequência. Mas, se ainda não sabe uma delas, você pode simplesmente levantar as mãos ao alto, intencionar puxar uma Luz Branca do Coração de Deus/Deusa e depois colocá-las sobre seus chacras ou mesmo nos locais em que sente algum incômodo. Confie no seu potencial de auto cura.
5. Cuide da sua alimentação, a fim de que ela seja balanceada com diversos nutrientes.Dê preferência a alimentos frescos e leves, especialmente à noite. Aprenda a limpar a energia dos alimentos, envolvendo-os numa bolha de Luz Violeta. Aprenda a escutar o que seu corpo pede, pois pode ser que ele te peça doces ou carnes, frutas ou legumes, carboidratos, etc. Por enquanto não faça restrições que te sejam muito sacrificantes, pois isso irá gerar mais stress e assim te enfraquecer ainda mais.Amem-se uns aos outros incondicionalmente e saiba que todos estão dentro da Ordem Divina, cada qual segue seu próprio “script”, possui seu próprio caminho. Respeite as escolhas e necessidades de cada um.
6. Ervas, Florais, Remédios Homeopáticos e diversos recursos da natureza estão disponíveis para ajudar não apenas humanos, como plantas, minerais e animais.Abuse dos chás, utilize-os a partir de suas propriedades medicinais. Busque indicações de florais e remédios naturais para você, seus familiares, suas plantas e seus animais de estimação.
7. Se sentir que precisa de ajuda, não hesite em pedir.
Há na Terra, hoje, muitos profissionais competentes, em diversas áreas, que podem te auxiliar no processo de limpeza e/ou energização que você necessita.

8. Respeite o seu ritmo interno e aprenda a criar momentos de descanso e lazer.Descanse e recolha-se quando sentir necessidade. A consciência dessa necessidade vai estimular as transformações necessárias nos sistemas institucionais de trabalho, e você pode ser o primeiro a conscientizar as pessoas a sua volta.
9. Momentos de solidão e recolhimento pode ser uma necessidade que deve ser respeitada.Você não precisa estar relacionando-se o tempo todo. Também não precisa cumprir obrigações sociais que não estejam em sintonia com seu desejo mais profundo. Encontre um equilíbrio alternando sua vida social com certo recolhimento, essencial para que você possa repor as energias despendidas no externo. Mais uma vez, te estimulo a observar a si mesmo procurando perceber o que o seu Ser está te pedindo.
10. Nada tema. Tudo está dentro da Ordem Divina.Você possui seus protetores pessoais que estão orientando os seus passos.Invoque-os e informe-os sobre o que necessita".
 
Dra. Myrian Marino Martins Soares
Médica Homeopata - Pediatra - Coach Pessoal
Vice Presidente da Associação Médico Espírita Carioca - AME Carioca
Skype: myrianmarinosoares

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

DIVULGAÇÃO: CURSO DNA BÁSICO

Palestra aberta sobre a técnica hoje (09/11)as 18 horas no restaurante terra Viva (202 Norte). Aguardamos sua presença!

domingo, 7 de outubro de 2012

Quem é você? Rolando Lazarte

Quem é você?

Por em 07/10/2012
 
Você é quem você é, ou quem os outros esperam que você seja? Você é quem você é, ou quem os outros esperam que você seja? Você é quem você é, ou quem os outros esperam que você seja?
 
A pergunta se repete três vezes(1), como para que a pessoa possa ter condições de a escutar. Você é quem você é?
 
Eu já tenho dito alguma vez, que o mais importante não é a resposta que se possa dar a esta pergunta: quem sou eu, é uma pergunta irrespondível. Eu não sei quem sou, nem é isto o que importa. O que importa é que eu seja capaz de ficar diante dessa indeterminação, diante desse infinito de possibilidades, diante dessa vastidão que sou eu.
 
Não importa o que eu pense que eu sou. Eu não sou isso, com certeza. O que eu penso que eu sou, é algo que aprendi a acreditar sobre mim mesmo, e pode não ter nada a ver com o que verdadeiramente sou. Se eu puder ficar diante desse espaço que se abre em mim mesmo ao eu escutar a pergunta “Quem é você? Você é quem você é, ou o que os outros esperam que você seja?”, eu posso ter uma experiência da minha infinitude.
 
Eu poderei estar em contato com uma paz muito profunda. Muitas vezes entro em conflito comigo mesmo porque creio que devo amar a todas as pessoas, devo ser bonzinho, disser sim senhor, ou sim senhora o tempo todo. Isto não é ser eu. Isto é ser o que os demais querem que eu seja. Mas se eu parar um pouco e me voltar para mim mesmo, estarei nessa paz profunda e quietude.
 
Nesse centro interior desde o qual posso estar integrado numa vida mutante, em que melhor posicionado está quem for capaz de fluir com menos rigidezes. E o espaço que se abre ao eu me deparar com o meu não saber fundamental, o meu não saber quem eu sou, me instala na eternidade, na continuidade da existência. É o começo da comunhão, uma comunhão que conheci desde pequeno e da qual tive que ir me afastando para ser aceito, para agradar e começar a me desagradar, começar a não ser. Mas eu posso voltar, e vou voltando.
 
 
(1) nas vivências da terapia Comunitária e Cuidando do Cuidador, criados por Adalberto Barreto.
 
Rolando Lazarte, sociólogo, terapeuta comunitário, escritor. Membro do MISC-PB/Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba, e do GEPSMEC-Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental Comunitária da UFPB. Acesse os blogs http://rolandolazarte.blogspot.com/ e http://rolandolazarterapeutacomunitario.blogspot.com

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

PARTICIPEM!!!

 
Vamos prestigiar o Bazar Aconchegante e proporcionar um Dia das Crianças mais feliz nos abrigos do Distrito Federal?

 
Será neste sábado, na Asa Norte. Muita coisa foi arrecadada, preços bem acessíveis.
Quem promove é o Aconchego (conheça no site www.aconchegodf.org.br).
Ajude a divulgar!

DATA: 6 de outubro, sábado, na 106 Norte, Bloco A, subsolo, das 10 às 17h00.

Abraços aconchegantes.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O retorno a si mesmo na Terapia Comunitária Integrativa - Rolando Lazarte

Gente querida. A TCI nos põe no caminho de volta para a pessoa que somos.
Não há ninguém igual a nós neste mundo. Podemos começar a experimentar a
aventura de sermos nós mesos. Nada é tão prazeroso. Um grande abraço.
Rolando

O retorno a si mesmo na Terapia Comunitária Integrativa

Por em 24/09/2012
 
Hoje pensava, verdadeiramente, que na Terapia Comunitária Integrativa a pessoa se descobre vencedora. Lembrava de diversas dores, muito grandes, sofridas ao longo da minha vida, desde a infância ate não muito tempo atrás.
 
As dores doem, sem dúvida. Não é verdade? Mas na Terapia Comunitária Integrativa, a gente aprende a ver cómo essas dores foram me tornando alguém mais amoroso, mais acolhedor. Mais persistente na construção dos meus próprios sonhos, mais eu mesmo. Até os meus descaminhos me ensinam o que não quero, o que não é meu, o que não tem a ver com meus valores.
 
Cada pessoa cultiva muitos sonhos ao longo da sua vida. Sonhos de menino ou de menina, sonhos de jovem, de adolescente, de adulto. Os seres humanos estamos sempre construindo sonhos. A própria realidade, a nossa própria realidade humana, tem muito de sonho.
 
Lembro de alguns sonhos de jovem, de adolescente. Paz, amor, justiça, não violência, não racismo, não discriminação, não fome, não dominação. Hoje estes sonhos estão se realizando na teia da minha vida, na teia da Terapia Comunitária Integrativa.
 
A pessoa atravessa muitas dificuldades na sua vida, se estranha de si mesma. Des-conhece o seu próprio valor, mas um dia pode isto mudar, e muda. Um dia você pode ver o que foi que fez com que você vencesse, com que você pudesse chegar até aqui.
 
Você começa a se re-conhecer quando você começa a se ver nas histórias de vida das outras pessoas.
 
Você começa a recuperar características suas, da sua personalidade, da sua maneira de ser, que foram ficando para atrás por conta de socializações forçadas, de adaptações que você se viu obrigado ou obrigada a fazer.
 
Aos poucos uma sensação nova começa a ser cada vez mais permanente em você e você se pergunta: o que foi que aconteceu? É que você voltou, você está de novo aqui, você é outra vez você mesmo, você mesma. A vida deixa então de ser algo estranho e imposto, ela vem de dentro, outra vez.
 
 Outra vez você vai fluindo com a vida.
 
Vai descobrindo que o que tem pela frente é algo totalmente novo, e, ao mesmo tempo, totalmente enraizado na sua caminhada até aqui, nos seus valores essenciais, na pessoa que você é.
 
A sensação de integração dá um prazer imenso, é o fim do estranhamento, o fim da alienação, o fim da dissociação.
 
A vida e você são, outra vez, uma só e a mesma coisa.
 
Rolando Lazarte, sociólogo, terapeuta comunitário, escritor. Primeiro Diretor de Comunicação Social da ABRATECOM-Associação Brasileira de Terapia Comunitária. Membro do MISC-PB. Acesse os blogs http://rolandolazarte.blogspot.com/ e http://rolandolazarterapeutacomunitario.blogspot.com

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Pacatuba inova na Educação com Terapia Comunitária INTEGRATIVA

Trabalho de Terapia comunitária em Pacatuba é premiado internacionalmente


Publicado em 31/05/2012 - 6:16 por
 
O trabalho “I Formação em Terapia Comunitária Integrativa com Ênfase na Educação”, aplicado em Pacatuba, e elaborado pela mestra e coordenadora da Escola de Saúde Pública do Ceará, Miriam Rivalta Barreto, foi o único trabalhado premiado no Brasil na categoria no III Concurso Ibero – Americano de Boas Práticas de Promoção da Saúde no Contexto Escolar, promoção da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), Organização Mundial de Saúde (OMS), Proinapsa e Universidade Internacional de Santander – Colômbia. A divulgação ocorreu este mês.
Surgida de forma pioneira no Ceará, a Terapia Comunitária é uma metodologia, hoje, aplicada em vários países. Atualmente, são 35 educadores da rede municipal de educação de Pacatuba, que estão em formação, realizando 24 rodas de terapia semanalmente nas diferentes escolas do município, com crianças, adolescentes, adultos – alunos do Educação de Jovens e Adultos(EJA)-, pais, mães, gestores, professores, motoristas, outros. A formação é uma promoção da Secretaria Municipal da Educação de Pacatuba. Ressalte-se que o Núcleo de Abordagem Sistêmica da Secretaria de Educação iniciou em 2008 ações de Terapia Comunitária.
Mirian Rivalto Barreto disse que é um projeto que articula saúde com o projeto político-pedagógico, “onde a escola sinaliza que está indo além do conteúdo programático, está vendo o ser humano em sua totalidade”. Além de promover o bem-estar físico, mental e social, e coletivo.
“Pacatuba está mostrando que vê que o ser humano tem potencialidade e que todos, agindo juntos, pode-se contruir uma rede de ajuda, articulando a comunidade para promover a solidariedade.
Beneficiados
A Secretaria de Educação de Pacatuba beneficia hoje, aproximadamente, 5 mil crianças com o trabalho de Terapia Comunitária. “Ela consiste em trabalhar o eu de cada um. É preciso a gente se conhecer melhor para conhecer o outro. E essa providência é importante inclusive na luta contra o Bullying”, destaca a coordenadora do Núcleo de Abordagem Sistêmica da Secretaria, Liduína Cavalcante. Segundo a coordenadora, Pacatuba é o primeiro município do País a inserir essa atividade na Escola, contemplando professores, alunos e demais profissionais. “O professor não trabalha só com a informação, mas com o corpo todo”, destacou ela.
Oportunidade
Para a diretora da Escola Ana Albuquerque Campos, Euda Monteiro, o projeto trouxe uma oportunidade para que os profissionais da educação conhecessem melhor a vida dos alunos, de como eles vivem, de que precisam. “É uma troca, você fala, você escuta as necessidades de estudantes, dos pais, da família”. E como resultado, a mudança no comportamento dos jovens. “Eles ficaram mais disciplinados, melhorou a autoestima, estão mais abertos para conversar e também escutarem conselhos”, completou.
A promoção do trabalho é da Secretaria Municipal de Educação, a realização é do Centro de Estudo e Pesquisa da Família e da Comunidade, sob a coordenação de Mirian, e conta com o apoio do Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária do Ceará.
Outros países que ganharam esse prêmio: Argentina, Colômbia e Equador.
EVELANE BARROS
SUBEDITORA DO REGIONAL


Publicado em 04/10/2011 - 7:03 por
 
Qualificar o ensino público por meio da solução de conflitos e no aumento da autoestima. Esses são os objetivos do Programa de Terapia Comunitária Interativa, que vem sendo desenvolvido em Pacatuba, por meio da Secretaria de Educação. Esta semana, por ocasião dos festejos de emancipação do Município, a atividade será intensificada em todas as 33 unidades de ensino.
O projeto é baseado no Programa de Terapia Comunitária e Interativa, concebida pelo psiquiatra Adalberto Barreto. Dividida em cinco módulos, a expectativa é que todo o ciclo esteja concluído até março de 2012 em todas as escolas infantis e de Ensino Médio.
De acordo com a coordenadora do Núcleo de Abordagem Sistêmica da Secretaria, Liduína Cavalcante, não há necessidade de se concluir todo o programa para a obtenção de resultados. Ela explicou que a cada módulo há o funcionamento de uma metodologia prática, que pode ser aplicada no dia a dia de alunos, pais e professores. “A Terapia Comunitária consiste em trabalhar o eu de cada um. É preciso a gente se conhecer melhor para conhecer o outro”, destaca. Ela diz que a cada reunião os participantes trocam experiências sobre como vencer as dificuldades do cotidiano, desde as pequenas intrigas aos problemas mais graves, envolvendo a sociabilidade e o rendimento escolar dos alunos.
Segundo a coordenadora, Pacatuba é o primeiro Município do País a inserir essa atividade na Escola, contemplando professores, alunos e demais profissionais. “O professor não trabalha só com a informação, mas com o corpo todo”, destaca. A terapia já existe na Escola Clóvis de Castro Pereira (Ceru).
 
Seleção
O curso, que teve início no fim de setembro, contando com aulas de teoria, prática, vivência e estágio. Todos os participantes são professores concursados. Cerca de 30 professores foram pré-selecionados.
Na primeira reunião sobre o projeto, houve a palestra de Mírian Barreto, representante do Movimento Integrado de Saúde Mental e Comunitária do Ceará. “Esse foi o primeiro passo. A ideia agora é formar os nossos professores para levarem essa atividade extra às escolas”, disse a secretária de Educação, Ana Kelly Pinto Cavalcante. Ela conta que a ideia surgiu da necessidade de se buscar alternativas não convencionais que implicassem no melhor rendimento escolar.
“São alternativas de baixo custo e eficientes nos seus objetivos, porque trabalha com sensibilidades, percepções e troca de experiências”, disse Ana Kelly. Ela acredita que até março do próximo ano, todas as escolas estejam já utilizando essa metodologia e demonstrando resultados significativos no aprendizado do aluno.
Para a secretária Ana Kelly Pinto Cavalcante, “a Terapia Comunitária integrativa ajuda não só os profissionais da educação, mas também a comunidade, a compreender que o saber científico e o saber popular caminham juntos”.
 
Distritos
 
O trabalho abrangerá, desse modo, a sede, e ainda os distritos de Jereissati, Pavuna e Monguba. A metodologia será aplicada ainda para os pais de alunos com necessidades especiais e ainda dos Alunos da Escola de Jovens e Adultos (EJA).
Segundo a coordenadora Liduína Cavalcante, a providência é importante inclusive na luta contra o Bullying, termo que se refere a formas de convivência agressivas, sejam elas verbais ou físicas.
O Núcleo de Abordagem Sistêmica da Secretaria de Educação iniciou em 2008 o projeto inicial de Terapia Comunitária. No modelo realizado até agora, vem acontecendo encontros aos sábados com o intuito de trabalhar a inteligência emocional dos educadores do Município.
A terapia dispõe de dinâmicas como relaxamento, meditação, terapia comunitária, música, biodança, entre outros. Compõem o núcleo desde psicóloga a fonoaudióloga, bem como pedagogas e psicopedagoga.
 
Humanização
 
De acordo com Liduína Cavalcante, a ideia é trabalhar a humanização dos profissionais para que eles possam desempenhar ainda melhor suas relações de trabalho, permitindo inclusive uma maior interação com os alunos.
Ela lembrou que essas atividades serão intensificadas esta semana, em vista das comemorações do aniversário do Município, que dia 8 completa 142 anos de criação.
Liduína explica que esse esforço será reforçado esta semana, também com intuito de promover um sentimento cívico da população com a festa do Município. Daí que cerca de 35 profissionais irão percorrer as escolas municipais já para difundir o projeto de Terapia Comunitária e Interativa.
“Nós vamos realizar esse trabalho de modo mais intenso nesse período, entretanto, sabemos que os resultados muito rapidamente serão apresentados. Isso significa que nossos esforços serão compensados, a partir da sensibilidade e determinação em oferecer uma escola de boa qualidade para o aluno”, afirmou a coordenadora.

 

TERAPIA COM MOVIMENTO DOS OLHOS

Terapia trabalha com movimento dos olhos para tratar de traumas a medo de avião

Rosana Faria de Freitas
Do UOL, em São Paulo


Abalos resultantes de assaltos, mortes violentas de pessoas próximas, abusos sexuais ou estupros, fobias, desordens de pânico: estas são algumas das aplicações de uma intervenção que poucos conhecem, mas tem se mostrado muito eficiente, o EMDR – Eye Movement Desensitization and Reprocessing, ou Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares.
 
Trata-se de uma forma de psicoterapia que utiliza o movimento dos olhos para curar estes e outros problemas. Para você entender melhor: traumas e lembranças dolorosas são armazenados de forma mal-adaptativa no cérebro. A técnica reprocessa tais lembranças que mantêm a pessoa presa ao passado, integrando informações que se encontram separadas nos dois hemisférios cerebrais. De forma acelerada, o método ‘imita’ o que acontece com as pessoas durante a etapa do sono REM - Rapid Eye Movement, ou Movimento Rápido Ocular, momento em que o cérebro processa a informação e a arquiva ao passado.
 
“Por alguma razão ainda não completamente compreendida, em determinadas situações o indivíduo não consegue realizar este armazenamento de forma normal e saudável, de onde possivelmente advêm os pesadelos, sobressaltos, pensamentos intrusivos e obsessivos, ataques de pânico e, em exemplos mais graves, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e suas consequências. Em casos excepcionais, o indivíduo pode desenvolver os Transtornos Dissociativos de Identidade, em geral associados a histórias de abalos crônicos, repetitivos e constantes, especialmente da infância”, destaca Esly Regina de Carvalho, mestre e doutora em psicologia, treinadora pelo EMDR Institute e pela EMDR Iberoamericana, supervisora de psicodrama pelo American Board of Examiners in Psychodrama and Group Psychotherapy.
 
“O trauma é mais um transtorno do sono do que da memória. É durante o repouso que normalmente trabalhamos as lembranças do dia. Porém, quando acontece algo muito forte, o indivíduo não consegue processar tudo e parte fica armazenada de maneira disfuncional.
Os pesadelos são entendidos como uma tentativa frustrada de digerir a lembrança”, explica Carvalho.
 
O método foi criado nos Estados Unidos, no final dos anos 1980, pela médica Francine Shapiro. Ela conta que estava caminhando por um parque em 1987 e se deu conta de que os fatos ruins que vieram à sua cabeça perderam a carga negativa.
 
Quando pensou sobre o que tinha acontecido, se deu conta de que seus olhos tinham se mexido. Aí, começou a fazer experimentos com amigos e parentes, se dedicou a pesquisas com veteranos da guerra do Vietnã e publicou os primeiros estudos em 1989.
 
“Inicialmente, o sistema foi utilizado para tratar sequelas provocadas por Transtornos de Estresse Pós-Traumático, mas temos ampliado as possibilidades de intervenção (veja tabela abaixo). Além de quadros resultantes de ansiedade generalizada, fobias, síndrome de pânico e depressões, os resultados são promissores com doenças psicossomáticas e aprimoramento de desempenho futuro”, destaca Esly.
 
A técnica:
 
O terapeuta imita o sono REM – e, dessa forma, faz a estimulação bilateral do cérebro – pedindo para o paciente seguir seus dedos de um lado para o outro do campo visual, enquanto deve pensar na situação que causa a perturbação. “Seguimos um detalhado protocolo para que isso se desenvolva. O fato de a pessoa acompanhar os dedos dá o arranque para o cérebro reprocessar a lembrança.”
 
É possível, ainda, usar outras formas de estímulos bilaterais, a auditiva e a tátil, para alcançar o mesmo resultado. “Durante a sessão, empregamos aparelhos que fazem ‘bip bip’ em cada ouvido; ou, então, tocamos em uma mão e depois na outra, enquanto o indivíduo novamente relembra o passado.”
 
Tratamento:
 
O tratamento compreende oito fases. Na primeira, o paciente compartilha sua história clínica e o terapeuta identifica os traumas e lembranças dolorosas que serão abordados em futuras sessões. Na segunda, instalam-se recursos positivos - como a visualização de um lugar tranquilo, por exemplo - para ajudar a enfrentar momentos difíceis dentro e fora do consultório.
 
“Na terceira fase, ‘abre-se’ o arquivo cerebral a ser trabalhado por meio dos resgates de imagem, crenças, emoções e sensações vinculadas ao evento chave em questão. Na quarta, o terapeuta aplica os estímulos bilaterais que darão o arranque ao cérebro para que possa desenvolver o reprocessamento que resultará na dessensibilização da lembrança”, ressalta a psicóloga. Cada sessão leva de uma a duas horas.
 
Nas etapas seguintes, crenças negativas são substituídas por positivas e é feita uma avaliação dos resultados. “Há protocolos e escalas criados, além de novas abordagens. A comprovação da eficácia é atualmente inegável” – diz ela.
 
Resignificação do passado:
 
É bom que se diga: não há um tratamento padrão. “Em alguns casos, operamos com questões pontuais – como um acidente ou assalto. Em outros, numa situação mais ampla e difusa, sem causas aparentes, é preciso fazer uma extensa pesquisa clínica para conhecer vínculos afetivos, vivências, passagens difíceis ou dramáticas. E estabelecer, a partir daí, uma ligação com o que a pessoa apresenta no presente como queixa ou sintoma”, explica Silvia Guz, psicóloga especialista em Psicoterapia Corporal pós-Reichiana e Psicoterapia Breve – Abordagem Corporal, presidente da Associação Brasileira de EMDR.
 
Segundo a terapeuta, o método não muda o que aconteceu, mas o olhar do indivíduo, sua perspectiva para o fato do passado. “E é nessa ressignificação que se encontra a cura e o alívio para o que antes parecia impossível.” Segundo Esly, uma das frases mais comuns de pacientes é “acabou, agora ficou distante, está no passado”.
 
André Maurício Monteiro, mestre e doutor em Psicologia, docente supervisor em Psicodrama, com estágio pós-doutoral em Arte-terapia no Psychiatrische Dienste Thurgau, na Suíça, observa que não são poucos os indivíduos que perdem a capacidade de diferenciar o ontem do hoje. “A pessoa sabe que aquele sofrimento pertence ao passado, mas sente a força da emoção como se fosse algo muito recente, o que a deixa insegura e apreensiva.
 
Um som, um cheiro, uma imagem, um pensamento – qualquer coisa pode ser suficiente para trazer de volta o imenso desconforto.” 
 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Você só tem sofrido, ou tem crescido com seu sofrimento?

Por em 17/09/2012
 
Você só tem sofrido, ou tem crescido com seu sofrimento? Poucas perguntas podem ter o efeito de reintegrar tanto uma pessoa à sua própria trajetória existencial, quanto esta. Esta pergunta repõe a gente, também, no quadro da humanidade, pois não tem um ser humano que não esteja desafiado a ressignificar, constantemente, todas e cada uma das dores pelas que passou ou passa.
Como muitas outras perguntas e reflexões que se escutam nas vivências da abordagem barretiana (1), o que importa mais, no meu modo de entender, é o espaço que possa vir a ser dado, e não tanto as respostas ou explicações.
Entendo que a Terapia Comunitária e os cursos de Cuidando do Cuidador, enquanto espaços de reconstrução da pessoa humana, abrem espaços internos no ser humano, permitindo com que a pessoa posa se experimentar a si mesma de outras maneiras, e não apenas daquelas formas estereotipadas ou habituais às que tinha se acostumado.
Quando eu escuto Você só tem sofrido, ou tem crescido com seu sofrimento? e acolho a pergunta, posso ver que o que me faz ou me fez sofrer, circunstâncias do presente ou fatos do passado, características da minha personalidade ou das minhas relações inter-pessoais, podem ser fontes de aprendizado, por um lado, e de integração no grande tecido humano, por outro.
Fontes de aprendizado, porque muitas vezes o que me faz ou me fez sofrer, pode estar me mostrando indícios de novas formas de ação ou de interpretação às quais posso estar sendo encaminhado. Maior fluidez, mais jogo de cintura, soltar os pensamentos, menos expectativas sobre os outros ou sobre mim mesmo.
Creio que muitas pessoas, entre as quais me conto, percebem que as suas dores doeram menos a partir do momento em que se situaram ou situam em um contexto de dores maiores ou iguais. Isto quebra a vitimização, a paralisia, a sensação de ser um condenado, um perdedor.
A culpa, por outra parte, perde o seu peso esmagador, quando percebo que todos erramos, eu e os ouros e as outras, e que errar é uma forma de aprender.
(1) Adalberto Barreto, criador da Terapia Comunitária Integrativa.
 
Rolando Lazarte, sociólogo, terapeuta comunitário, escritor. Primeiro Diretor de Comunicação Social da ABRATECOM-Associação Brasileira de Terapia Comunitária. Membro do MISC-PB. Acesse os blogs http://rolandolazarte.blogspot.com/ e http://rolandolazarterapeutacomunitario.blogspot.com

domingo, 16 de setembro de 2012

Bola de Meia,Bola de Gude - MILTON NASCIMENTO


http://www.youtube.com/watch?v=My_OsqkDSjs

Bola de Meia, Bola de Gude

Milton Nascimento

Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão

domingo, 9 de setembro de 2012

ROLANDO LAZARTE - Você e quem você é, ou quem os outros esperam que você seja?


 Você e quem você é, ou quem os outros esperam que você seja?
Por em 07/09/2012
 
imagem: Adalberto Barreto
 
Você é quem você é, ou o que os outros esperam que você seja? Você é quem você é, ou o que os outros esperam que você seja? Você é quem você é, ou o que os outros esperam que você seja? A pergunta se repete três vezes, para ver se a pessoa é capaz de escutá-la. Você é quem você é, ou o que os outros esperam que você seja? Não importa tanto a resposta, e sim que você seja capaz de escutar a pergunta. Você pode escutar a pergunta, acolhe-la. Fazer um espaço, um lugar dentro de você mesmo ou você mesma. Se você for capaz de acolher esta pergunta, você poderá experimentar algo novo dentro de si. Poderá sentir algo como o seu ser autêntico.
O Dr. Adalberto Barreto diz que temos que ouvir a pergunta três vezes, para podermos de fato escutar. Tenho ouvido esta pergunta muitas vezes, ao longo de todos estes anos de Terapia Comunitária Intergativa, vivências de Cuidando do Cuidador (Resgate da Auto-estima). Tenho ouvido esta pergunta muitas vezes, mas nem sempre a tenho escutado, nem sempre a tenho acolhido. Estava mais preocupado em responder, em dizer se era eu mesmo ou o que outros tinham esperado ou esperavam de mim. Agora já não me preocupa mais tanto saber de fato se sou eu mesmo ou o que os outros esperam de mim.
O que quero partilhar aqui e agora, sobre tudo, é isto: que quando acolho a pergunta, se abre um espaço em mim. Sou mais eu, se posso escutar a pergunta. Se posso pensar nisto, estou sendo mais eu, e menos o que outros esperam de mim. Não há nada de errado em sermos em parte o que outros esperam de nós. Creio que, de fato, sempre seremos em parte algo que outras pessoas que moram conosco, ou que nos são muito queridas ou muito significativas, esperam ou esperaram de nós. Mas não podemos ser apenas o que alguém espera ou esperou de nós. Podemos acolher a pergunta. Então podemos começar a saber.
O ser humano nunca é exclusivamente o que ele quer ser. Aliás, não sei se, em definitiva, algum dia poderemos vir a saber o que somos, em verdade. Mas outra vez, repito, o que vale não é tanto a resposta, mas o espaço que se abre em nos, quando acolhemos a pergunta. Uma resposta pode ser uma justificativa, uma defesa, uma tentativa de satisfazer as expectativas próprias ou alheias. A pergunta não, a pergunta nos conecta com um silêncio, com algo maior. Daí a genialidade, a profunda fecundidade e efetivo potencial de recuperação da pessoa humana, do sistema de conhecimento criado pelo Dr. Adalberto Barreto, a Terapia Comunitária Integrativa.
Não se trata tanto de encontrar a resposta certa, respostas certas, mas, sim, de conectar com a realidade, de contatar o que está aqui, isto que cada um de nos é. Por isso, penso que se trata de um método efetivo pelo qual podemos vir a saber quem somos, ou, ao menos, deixar de crer que somos o que não somos. Isto não é somente um jogo de palavras, embora seja muito bom jogar com as palavras. De tanto jogarmos com elas, elas começam a jogar conosco, e começamos e ver alguma coisa, começamos a poder ver um vislumbre da realidade.
Eu sou sociólogo, como meu pai queria que fosse, e não artista, pintor, como eu queria ser. Mas não sou o sociólogo que meu pai queria que eu fosse, e sim o sociólogo que eu queria ser, embora não soubesse ao certo o que era isto. Estou sabendo agora, no decorrer desta aventura do conhecimento que é a Terapia Comunitária Integrativa, onde o que importa não é consolidar alguma interpretação sobre a pessoa, e sim a sua libertação, o seu respirar, a sua emancipação.
Era isto o que eu queria quando me embrenhei, com meus colegas estudantes de sociologia da Universidad Nacional de Cuyo, de Mendoza, Argentina, na construção de uma carreira de sociologia a serviço da libertação, nos anos 1970, embora naquela época para nós, e em especial para mim mesmo, isto não estivesse claro como o está começando a ser agora. O que estou tentando dizer, ao explorar esta pergunta sobre o ser autêntico, que o Dr. Adalberto Barreto nos faz, é o seu potencial efetivamente eficaz, se me permitem esta expressão, é o quanto podemos abrir um espaço para nós mesmos ou nos mesmas, quando acolhemos a pergunta. Quando podemos escutar, de nos mesmos: Você é quem você é, ou o que os outros esperam que você seja?
E posso começar a ser mais eu mesmo, eu mesma, se puder escutar esta pergunta, se puder me perguntar pelo meu próprio ser. Esta pergunta, de longa tradição filosófica e religiosa, nos leva a um ponto de convergência do saber prático, popular, e cientifico-religioso.
 
 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O VENDEDOR DE BALÕES por *Maria Emilia Bottini

imagem net

 O VENDEDOR DE BALÕES
 

Certa vez ganhei de uma amiga da vida inteira o livro: Belas Parábolas sobre Sucesso de Alexandre Rangel, nele há uma pequena história que vale a pena ser partilhada.
 
Era uma vez um velho homem que vendia balões numa quermesse. Evidentemente, o homem era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores de balões. Havia ali perto um menino negro que estava observando o vendedor e, é claro, apreciando os balões. Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e, finalmente, um branco. Todos foram subindo até sumirem de vista. O menino, de olhar atento, seguiu a cada um. Ficava imaginando mil coisas...
 
Uma coisa o aborrecia: o homem não soltava o balão preto. Então, aproximou-se do vendedor e perguntou-lhe:
 
Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?
 
O vendedor de balões sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão e, enquanto ele se elevava nos ares, disse-lhe:
 
Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.” (Anthony de Mello)

 Gosto de pequenas histórias, do que elas podem em tão pouco nos dizer, nos fazer refletir para além de nossos limitados pensamentos diários, fragmentados sobre tudo e todos. Amo de paixão balões, sobretudo coloridos, acredito que a menina que vive em mim nunca os abandonou.
Essa pequena história me faz refletir que somos seres de preconceito, carregamos em nós a marca do julgamento que dói e desfere frases e atitudes que ferem e desmerecem os outros por tratarmos das diferenças com indiferença.
Parece que sempre nos julgamos melhores, mas será bem assim?
Como diz o vendedor é o que está dentro que faz subir os balões. Se pensarmos em pessoas como balões uns coloridos e outros sem cores, há as que sobem alto, muito alto cheias de generosidade, de compaixão, de amor e de doação e contribuem para que outras subam juntas e depois são soltas para seus próprios experimentos e voos.
Porém, há os que não sobem míseros centímetros do chão carregadas de ódio, de rancor, de solidão, de mágoas, de mau humor, ficam tão pesadas de conviver e por vezes a pesar na vida de outros e a segurar seus voos, suas existências.
O que temos dentro de nós que nos faz subir?
É uma boa pergunta diante de um mundo de possibilidades.
Ser mais humano, ser mais gente, talvez isso pudesse de alguma forma elevar nossa humanidade e com ela a humanidade de outros com cores, gostos, jeitos, escolhas diferentes do meu mundo e pelas quais deveriam minimamente respeitar e não condenar, acusar, maltratar....
Parece que tão somente precisamos ampliar nossos horizontes de mundo, em um mundo de muitas cores e que nelas possamos encontrar equilíbrios para continuar sendo verdadeiramente humanos mesmo que vendendo balões.
 
 
[*] Psicóloga, Terapeuta Comunitária, Professora Universitária, Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (UPF), Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade de Brasília (UnB). Assina a coluna Cine Emoção do Conselho Regional de Psicologia 1º região - DF.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

ESPAÇO COLETIVO - Rolando Lazarte

Libertação na Terapia Comunitária
Por em 07/07/2012
 
Desde há já bastante tempo, venho trilhando os caminhos da Terapia Comunitária Integrativa criada por Adalberto de Paula Barreto, o teólogo e médico psiquiatra cearense. E muitas vezes, durante todos estes anos, tenho me voltado para esta espécie de manancial de auto-descoberta e de auto-conhecimento, em momentos em que a vida me parece demasiado confusa ou difícil, em que a co-existência social me parece estar me impondo fardos demasiadamente pesados.
Este ir ao manancial da TCI, tem-se revelado como uma espécie de apoio constante, de suporte forte e firme que me ajuda a superar as crises de todo tipo que se encontram nesta aventura chamada vida. A TCI não te dá respostas prontas, mas sim te propõe perguntas, que vão desenredando as armadilhas internas, os equivocos a respeito de ti mesmo ou de ti mesma.

Essas perguntas vão arejando o teu interior, respiras melhor, confias mais e ti e nos outros, te vês parte de um tecido (a teia) que te sustenta e te conecta.

Na TCI não se ataca a ninguém, não se combatem estruturas ou sistemas, ideologias ou doutrinas, nem se supõe que mudar os que mandam poderia ser a solução para os males do mundo. Não há algo tão vago ou tão vasto quanto os males do mundo.

O que há e aqui todos e todas estamos incluídos é um existir dilemático, que nos confronta e nos desafia constantemente, demandando uma criatividade contínua.

E quais são estas perguntas da TCI a que nos referimos aqui? Uma delas, a que hoje me toca especialmente: Você é quem você é, ou é o que os outros querem que você seja?

Esta pergunta se repete, para que você possa de fato escutá-la. Você é quem você é, ou quem os outros esperam que você seja?

Você não precisa pensar em uma resposta, ou, de fato responder. Basta acolher a pergunta. Você é quem você é, ou quem os outros esperam que você seja?

Há outras perguntas como esta, que vão abrindo espaço dentro da gente: Você somente tem sofrido, ou tem crescido com os seus sofrimentos? E se repete mais vezes: Você somente tem sofrido, ou tem crescido com os seus sofrimentos?

Quando você de fato escuta estas perguntas, esta última em particular, não vê respostas feitas, nem suas nem de mais ninguém.

Ou vem, sim, mas dentre elas, vai surgindo como um espaço, um espaço libertador. Você respira e se abre um espaço dentro de você. Então você vai vendo que não somente sofre ou sofreu, mas cresceu.

Mas você não precisa dar respostas a si mesmo ou aos outros em volta. Apenas vai sentindo esse espaço que se abre em você, e respira, vai se abrindo um espaço. Então a dor não mais lhe oprime.

Você vai se abrindo às lições que a dor foi lhe ensinando, mas não de maneira argumental, lógica, explicativa, racional, intelectual. Um espaço verdadeiro se abre em você. Não é um espaço lógico, explicativo. É um espaço real.

Quando você está nestas dinâmicas grupais, nos Cuidando do Cuidador ou nas vivências nos encontros da TCI, este espaço interior vai lhe soltando, vai se abrindo uma espécie da brecha, uma possiblidade real de libertação.

Repito: não é um espaço lógico, argumentativo, racional. É um espaço real. Claro que você irá dando algum conteúdo lógico a este crescimento que a dor lhe trouxe ou lhe traz. É o espaço o que conta.

Você já não está mais preso ou presa a uma dor insuportável, Uma dor que só você sente.

Obviamente, você terá que ir fazendo uma recuperação de memória, e uma observação atenta sobre si mesma ou si mesmo, para saber como é que a dor lhe fez ou lhe faz crescer. Irá criando imagens, irá recuperando fatos, atitudes. Como foi que você conseguiu sobreviver naquelas circunstâncias terríveis.

Foi a oração, o apoio de um parente ou amigo, ou de muitas pessoas amigas em volta, ou ainda de pessoas desconhecidas que lhe apoiaram. Você irá vendo como é que as dores lhe ajudaram a gerar uma força incomensurável dentro de si.

E isto não ocorreu somente com você, ocorreu com pessoas que agora, na roda da TCI, você aprendeu a incorporar à sua história de vida. Pessoas nas quais você se vê refletido ou refletida. A sua história e as histórias das pessoas em volta, tem muito em comum. Não são iguais mas se parecem no essencial. São histórias de superação.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

ESPAÇO COLETIVO - Saúde Mental Comunitária

Saúde Mental Comunitária

Por * em 22/07/2012
 
Haviam passado já algumas horas, talvez mais tempo, não sabia. Algumas coisas muito importantes nas nossas vidas, às vezes permanecem em nós como que abafadas por algum tempo, até brotarem e darem frutos.
Peguei o hábito de escrever algumas experiências em saúde mental comunitária, desde o ano de 2001, quando comecei a acompanhar a minha esposa Maria, Ana Vigarani, Djair e algumas outras colegas da militância cristã de base, que fazem trabalhos em saúde nos bairros de João Pessoa, como José Américo e Alto do Matheus.
Aprendi muitas coisas.
Na verdade, comecei como que a me trazer de volta nessas jornadas, aparentemente tão distantes do que seria a sociologia.
De fato, verdadeiras imersões num esforço coletivo, muito pouco visível, mas efetivo, de construção de redes solidárias, de formação de vínculos.
Agora, percebo que não foram algumas horas, mas fazem já mais de dois dias desde o retorno de Lagoa Seca, onde participei da formação de uma turma de terapeutas comunitárias e comunitários.
Estes dias passados com estas pessoas, foram de grande significação para mim. Já disse isto antes, mas repito.
Não tem nada de mais com as repetições. Às vezes é necessário repetir algumas coias que vivemos, para que fique gravado em nós o fruto destas experiências.
Um dos momentos que mais me ficou gravado na memória, foi a conversa na primeira noite, em que cada uma, cada um, falamos um pouco das nossas vidas, do que nos trouxe para a Terapia Comunitária.
Os dias foram passando. As jornadas indo uma atrás da outra.
O som da musica de manhã, acordando todo mundo para as vivências. Os cafés da manhã no refeitório, onde podiam ser vistas artesanias no muro do lado direito, feitas em barro, muito belas.
O jardim central, onde, embaixo de uma planta, uma gata amamentava uns gatinhos.
A estatua da virgem no centro, com uma criança ao lado.
A capela.
Os corredores. Os jardins externos, cheios de flores e árvores. Os dias passados, um atrás do outro. E hoje, depois da despedida na pizzaria em Campina Grande, uma despedida que não é despedida, e sim o selo de uma amizade construída e em construção.


* Rolando Lazarte, sociólogo, terapeuta comunitário, escritor. Primeiro Diretor de Comunicação Social da ABRATECOM-Associação Brasileira de Terapia Comunitária. Membro do MISC-PB. Acesse os blogs http://rolandolazarte.blogspot.com/ e http://rolandolazarterapeutacomunitario.blogspot.com

domingo, 15 de julho de 2012

ESPAÇO COLETIVO - ROLANDO LAZARTE

Construindo redes comunitárias, empoderando pessoas
Por em 15/07/2012

Muitas vezes, desejamos comunicar alguma coisa, partilhar algo que nos chama a atenção, ou que consideramos valioso. Nos dias de hoje, com frequência estas trocas de mensagens se referem ao chamado mundo externo, a fatos sobre os quais temos muito pouca ou nenhuma capacidade de modificá-los.
Neste contexto, trocas de mensagens sobre pequenas coisas do mundo cotidiano, tendem a passar despercebidas, ou a serem descartadas, por considerá-las irrelevantes. No entanto, é nessas pequenas partilhas que muitas vezes colhemos importantes informações sobre a vida.
Neste momento, gostaria de partilhar com as leitoras e leitores de Consciência, coisas que me está sendo dado observar nestes dias de permanência no antigo Colégio Marista de Lagoa Seca, no interior da Paraíba.
Estive neste colégio no ano passado, em setembro. Naquela ocasião, foram dias passados acompanhando um curso de Cuidando do Cuidador, ministrado a trabalhadoras e trabalhadores do sistema público de saúde.
Agora, trata-se da formação em Terapia Comunitária, de estudantes de enfermagem da UFPB, e outras pessoas interessadas, vinculadas ao cuidar em serviços de saúde da rede pública.
Tivemos a oportunidade de dizer por que cada um, cada uma, estávamos vinculados à Terapia Comunitária Integrativa, ou a ela querendo nos vincular.
Razões de recuperação da própria auto-estima. Valorização de si mesma e si mesmo. Crescimento a partir da alquimia interior realizada a partir de dores sofridas na vida, frequentemente na primeira infância, ou depois.
Uma rede é algo que nos sustenta, mas também nos contém, nos dá uma sensação de pertencimento. E também nos comunica. Estes pequenos fatos, o fato de haver uma reunião como ésta, tem importância na medida em que se trata de um tempo que algumas pessoas dedicam a si mesmas.
Retiram-se de um cotidiano que muitas vezes as leva a um trabalho estafante, e voltam-se para o seu próprio ser. este voltar-se para dentro, redunda em enormes benefícios. Depois deste encontro profundo consigo mesma, que desata um processo de auto-descoberta e aprendizado contínuo, a pessoa passa a ter de si uma noção mais compreensiva e dinâmica.
Criam-se percepções menos preconceituosas sobre os demais e sobre si mesmos. Sobre a própria história de vida e sobre o mundo de que fazemos parte. Conto estas coisas, porque muitas vezes não se da o suficiente valor a atos aparentemente pequenos, pouco importantes, mas que vão consolidando um empoderamento pessoal e comunitário que vai abrindo espaço para a construção de um mundo mais justo e amoroso.

Autor: Rolando Lazarte, sociólogo, terapeuta comunitário, escritor. Primeiro Diretor de Comunicação Social da ABRATECOM-Associação Brasileira de Terapia Comunitária. Membro do MISC-PB.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

ESPAÇO COLETIVO - Maria Emília Bottini


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QUANTO TEMPO DURA UMA DOR?
Maria Emília Bottini

Algumas histórias, por vezes, simplesmente dilaceram eternamente a alma de quem as vive. Embora a vida siga seu curso, a alma segue em feridas abertas as quais de quando em vez sangram para dizer que ainda estão lá. Algumas dores demoram a passar, de tempos em tempos, a exemplo da ressaca marinha, voltam com força redobrada e por vezes nunca cessam.

Estava passeando pelo interior de Goiás quando passei por um trevo e avistei que em seu centro havia três estátuas de anjos. Ao chegar ao destino indaguei sobre o que aquilo representava. Não esperava pelas histórias que seguiriam. Imaginei tratar-se de coisa de religião, no entanto, era bem mais que isso, muito mais complexo e cruel.

Há dezoito anos, houve na comunidade três mortes de crianças, todas morreram no mesmo ano. Um menino morreu afogado em uma lagoa de uma fazenda quando a escola fazia um passeio: uma menina morreu atropelada no asfalto e o motorista, não tão humano, fugiu sem prestar socorro: e a outra menina, bem, essa requer detalhes de sua morte dolorida e difícil de aceitar.

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As estátuas dos três anjos representavam as crianças/vítimas. Era uma espécie de homenagem visível e pungente da memória da dor e das perdas para as quais quase nunca estamos preparados.

A terceira estátua foi atribuída a uma menina que com oito anos de idade fora vítima de um rapaz de vinte e seis anos que apresentava disfunções sexuais. Após muitas investidas com mulheres de sexo fácil sem resultado e outras tentativas frustradas em provar sua virilidade. No desespero para resolver suas dificuldades procurou um curandeiro e entendeu que deveria procurar uma menina virgem e manter relações sexuais com ela, assim seu problema seria curado e resolvido.

Muito transtornado por se tratar de uma dificuldade da qual pouco se fala, e quase enlouquecendo, as palavras ecoaram como ordem em sua cabeça doente. Peão de uma fazenda vizinha a uma família com quatro filhos, uma delas menina estudiosa, carinhosa, feliz, que gostava de passear de carro com os tios, de andar de bicicleta, de brincar e de ser criança.

Um dia a esperou voltar da escola, pois ia de bicicleta todos os dias e depois pegava o transporte escolar, tentou violentá-la, mas ela se defendeu, visto ser de estatura forte diante do franzino agressor, porém o reconheceu e essa foi sua tragédia derradeira. Não conseguindo seu desejo concretizar e sendo reconhecido a golpeou na cabeça, ainda inconsciente imergiu-a num rio e sobre seu frágil corpo de menina depositou um pedaço de madeira o que a impediu de voltar à vida, vindo a se afogar. Uma morte estúpida ainda em tenra idade.

Ao falar do fato, os olhos dos pais do coração (tios) brilharam pelas lágrimas. Sim, a dor ainda estava lá, límpida, clara e dolorosa, e mesmo depois de muitos anos. Em seus corações a tinham como filha, pois, só tiveram meninos. Havia um lampejo visível de fúria no olhar do homem pela perda inexplicável e as lágrimas de sua mulher simplesmente rolavam por seu rosto as quais me comoveram.

Sua dor naquele momento passou a ser a minha dor.

Como entender a maldade contra a fragilidade de uma menina?

A menina havia feito um pedido para sua tia dias antes de falecer, que em seu aniversário queria um bolo para dividir com seus coleguinhas mais pobres. Ela não pode ver seu desejo se concretizar, mas a mãe e a tia juntas o realizaram. Foram até a escola comemorar os nove anos que completaria com seus colegas e amigos, no sétimo dia de sua morte. Ao rememorar o fato se questiona de onde veio tal força para realizar a comemoração. E a resposta veio da mãe, da certeza que sua filha não voltaria e que era importante manter o desejo bondoso da filha. Os vivos podem fazer coisas pelos mortos já que estes não podem mais fazer por si.

Penso que embora condenável, às vezes, só às vezes, a violência se justifica quando a dor é muito grande, nem todos são tão altruístas e conformados com perdas violentas. O autor do crime fora identificado, contou em detalhes seu crime e morreu na prisão anos depois. Nada se perdeu, porém devo lembrar que não nasceu assassino, mas tornou-se.

Quanto tempo é necessário para superar uma perda e amenizar a dor? Talvez a vida inteira, visto que não era só uma sobrinha deste casal, era muito mais que isso, era a filha que eles não tiveram, era a filha do coração, das emoções, da convivência e do amor que podemos infinitamente sentir uns pelos outros. Eles a amavam, e ela a eles.
Tinham sentimentos, interações que perduram até os dias atuais.

Fernando Henrique Cardoso em seu mais recente livro: A soma e o resto: um olhar sobre a vida aos 80 anos, sabiamente pondera que “os mortos queridos estão vivos dentro da gente. A memória que temos deles é real. Os que foram continuam na minha memória”. Quintana afirmava que “a luz de um morto não se apaga nunca”. Os mortos vivem em nós, em nossas memórias para sempre. E muitas vezes somos governados por eles na maior parte do tempo.

[1] Psicóloga, Terapeuta Comunitária, Professora Universitária, Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (UPF), Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade de Brasília (UnB). Assina a coluna Cine Emoção do Conselho Regional de Psicologia 1º região - DF.