domingo, 15 de julho de 2012

ESPAÇO COLETIVO - ROLANDO LAZARTE

Construindo redes comunitárias, empoderando pessoas
Por em 15/07/2012

Muitas vezes, desejamos comunicar alguma coisa, partilhar algo que nos chama a atenção, ou que consideramos valioso. Nos dias de hoje, com frequência estas trocas de mensagens se referem ao chamado mundo externo, a fatos sobre os quais temos muito pouca ou nenhuma capacidade de modificá-los.
Neste contexto, trocas de mensagens sobre pequenas coisas do mundo cotidiano, tendem a passar despercebidas, ou a serem descartadas, por considerá-las irrelevantes. No entanto, é nessas pequenas partilhas que muitas vezes colhemos importantes informações sobre a vida.
Neste momento, gostaria de partilhar com as leitoras e leitores de Consciência, coisas que me está sendo dado observar nestes dias de permanência no antigo Colégio Marista de Lagoa Seca, no interior da Paraíba.
Estive neste colégio no ano passado, em setembro. Naquela ocasião, foram dias passados acompanhando um curso de Cuidando do Cuidador, ministrado a trabalhadoras e trabalhadores do sistema público de saúde.
Agora, trata-se da formação em Terapia Comunitária, de estudantes de enfermagem da UFPB, e outras pessoas interessadas, vinculadas ao cuidar em serviços de saúde da rede pública.
Tivemos a oportunidade de dizer por que cada um, cada uma, estávamos vinculados à Terapia Comunitária Integrativa, ou a ela querendo nos vincular.
Razões de recuperação da própria auto-estima. Valorização de si mesma e si mesmo. Crescimento a partir da alquimia interior realizada a partir de dores sofridas na vida, frequentemente na primeira infância, ou depois.
Uma rede é algo que nos sustenta, mas também nos contém, nos dá uma sensação de pertencimento. E também nos comunica. Estes pequenos fatos, o fato de haver uma reunião como ésta, tem importância na medida em que se trata de um tempo que algumas pessoas dedicam a si mesmas.
Retiram-se de um cotidiano que muitas vezes as leva a um trabalho estafante, e voltam-se para o seu próprio ser. este voltar-se para dentro, redunda em enormes benefícios. Depois deste encontro profundo consigo mesma, que desata um processo de auto-descoberta e aprendizado contínuo, a pessoa passa a ter de si uma noção mais compreensiva e dinâmica.
Criam-se percepções menos preconceituosas sobre os demais e sobre si mesmos. Sobre a própria história de vida e sobre o mundo de que fazemos parte. Conto estas coisas, porque muitas vezes não se da o suficiente valor a atos aparentemente pequenos, pouco importantes, mas que vão consolidando um empoderamento pessoal e comunitário que vai abrindo espaço para a construção de um mundo mais justo e amoroso.

Autor: Rolando Lazarte, sociólogo, terapeuta comunitário, escritor. Primeiro Diretor de Comunicação Social da ABRATECOM-Associação Brasileira de Terapia Comunitária. Membro do MISC-PB.

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