quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O VENDEDOR DE BALÕES por *Maria Emilia Bottini

imagem net

 O VENDEDOR DE BALÕES
 

Certa vez ganhei de uma amiga da vida inteira o livro: Belas Parábolas sobre Sucesso de Alexandre Rangel, nele há uma pequena história que vale a pena ser partilhada.
 
Era uma vez um velho homem que vendia balões numa quermesse. Evidentemente, o homem era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores de balões. Havia ali perto um menino negro que estava observando o vendedor e, é claro, apreciando os balões. Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e, finalmente, um branco. Todos foram subindo até sumirem de vista. O menino, de olhar atento, seguiu a cada um. Ficava imaginando mil coisas...
 
Uma coisa o aborrecia: o homem não soltava o balão preto. Então, aproximou-se do vendedor e perguntou-lhe:
 
Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?
 
O vendedor de balões sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão e, enquanto ele se elevava nos ares, disse-lhe:
 
Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.” (Anthony de Mello)

 Gosto de pequenas histórias, do que elas podem em tão pouco nos dizer, nos fazer refletir para além de nossos limitados pensamentos diários, fragmentados sobre tudo e todos. Amo de paixão balões, sobretudo coloridos, acredito que a menina que vive em mim nunca os abandonou.
Essa pequena história me faz refletir que somos seres de preconceito, carregamos em nós a marca do julgamento que dói e desfere frases e atitudes que ferem e desmerecem os outros por tratarmos das diferenças com indiferença.
Parece que sempre nos julgamos melhores, mas será bem assim?
Como diz o vendedor é o que está dentro que faz subir os balões. Se pensarmos em pessoas como balões uns coloridos e outros sem cores, há as que sobem alto, muito alto cheias de generosidade, de compaixão, de amor e de doação e contribuem para que outras subam juntas e depois são soltas para seus próprios experimentos e voos.
Porém, há os que não sobem míseros centímetros do chão carregadas de ódio, de rancor, de solidão, de mágoas, de mau humor, ficam tão pesadas de conviver e por vezes a pesar na vida de outros e a segurar seus voos, suas existências.
O que temos dentro de nós que nos faz subir?
É uma boa pergunta diante de um mundo de possibilidades.
Ser mais humano, ser mais gente, talvez isso pudesse de alguma forma elevar nossa humanidade e com ela a humanidade de outros com cores, gostos, jeitos, escolhas diferentes do meu mundo e pelas quais deveriam minimamente respeitar e não condenar, acusar, maltratar....
Parece que tão somente precisamos ampliar nossos horizontes de mundo, em um mundo de muitas cores e que nelas possamos encontrar equilíbrios para continuar sendo verdadeiramente humanos mesmo que vendendo balões.
 
 
[*] Psicóloga, Terapeuta Comunitária, Professora Universitária, Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (UPF), Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade de Brasília (UnB). Assina a coluna Cine Emoção do Conselho Regional de Psicologia 1º região - DF.

Nenhum comentário:

Postar um comentário