quarta-feira, 24 de abril de 2013

INFORMAÇÕES SOBRE OS CRAS/DF


CRAS- CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Cras é unidade da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Transferência de Renda - SEDEST, localizado em áreas de vulnerabilidade social dos municípios e DF executa serviços de proteção social básica e atua com famílias e indivíduos em seu contexto comunitário. Presta informação e orientação para a população em sua área de abrangência, realiza sob orientação do gestor municipal de Assistência Social, o mapeamento e a organização da rede socioassistencial de proteção básica e promove a inserção das famílias nos serviços de assistência social local e encaminhamento da população local para as demais políticas públicas e sociais.

QUEM ENCAMINHAR- Pessoas em situação de vulnerabilidade social.

SERVIÇOS OFERECIDOS - Bolsa Família, Programa de erradicação de trabalho - PETI, Auxílio natalidade, carteira do idoso, serviço funerário gratuito, Programa de atenção integral á família – PAIF.

BENEFÍCIOS CONCEDIDOS PELO CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS


PAIF:
O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif) é um trabalho de caráter continuado que visa a fortalecer a função de proteção das famílias, prevenindo a ruptura de laços, promovendo o acesso e usufruto de direitos e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.
 

BOLSA FAMÍLIA :
Benefício concedido a famílias de baixa renda, para garantir o direito à alimentação, a educação e saúde, feito por meio de transferência de renda a partir de atendimento no CRAS. Renda per capita de R$ 70,00 a R$ 140,00.
 
PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL - PETI :
Articula um conjunto de ações visando à retirada de crianças e adolescentes de até 16 anos das práticas de trabalho infantil, exceto na condição de aprendiz a partir de 14 anos. Atendimento CRAS E CREAS
 
 
AUXÍLIO NATALIDADE - REGULAMENTADA PELA PORTARIA Nº 85 29/04/2009:
Gestantes e nutrizes (que estão amamentando) em até 90 dias após o nascimento da criança. Participar de reuniões quinzenais com temas diversos. Comprovante de renda dos membros da família e comprovante de residência.
 
 
CARTEIRA DO IDOSO:
Permite a gratuidade de vagas ou desconto de 50% no mínimo do valor das passagens interestaduais. Idade igual ou superior a 60 anos e renda individual igual ou inferior a 2 salários mínimos. Atendimento no CRAS.
 
SERVIÇO FUNERÁRIO GRATUITO:
Concedido a famílias ou indivíduos sem rendimento ou com renda per capita de até 1 salário mínimo. Se superior que passe por situação de vulnerabilidade ou risco social. Atendimento: CRAS.
 
 
Cras Varjão
Coordenador: Luis Humberto
E-mail: cras_bsb@sedest.df.gov.br
Endereço: Quadra 07 conjunto D lote 1A – Varjão
CEP: 715.404.00
Telefones: 61 3468 8090, 3468 8527, 3468 1862
 
Cras Brasília
Coordenador: Handerson Clayton Lima Nunes
Endereço: Setor cultural sul Q 02 BL A Antigo Touring
CEP: 700.701.50
Telefone: 61 3306 1411, 3306 1345, 3306 1411
 
Cras Brazlândia Vila São José
Coordenadora: Raquel Martins Bandeira
E-mail: cras_brz@sedest.df.gov.br
Endereço: A.E 01 Q. 01 Setor Veredas próximo ao terminal de ônibus – Brazlândia
CEP: 727.251.00
Telefones: 61 3391 1057, 3391 1176, 3391 5626
 
 
Cras Candangolândia
Coordenadora: Fernanda
E-mail: crascand@sedest.df.gov.br
Endereço: QR 02 A E s/n – Candangolândia
CEP: 717.252.00
Telefones: 61 3301 8402, 3301 7735, 3301 3317
 

Cras Ceilândia-Sul
Coordenadora: Natalia Eliza de Freitas
E-mail: crascei@sedest.df.gov.br
Endereço: QNM -15 A/E Módulo A – Ceilândia Sul
Telefones: 61 3371 4512, 3371 7961, 3373 7961, 3372 2536


Cras Ceilândia- Norte
Coordenadora: Acileide Cristiane Fernandes
E-mail: crasceinorte@sedest.df.gov.br
Endereço: QNN 15 A/E (AREBA) Módulo A – Ceilândia Norte
CEP: 722.251.51
Telefones: 61 3274 3104, 3375 7524

Cras Estrutural
Coordenadora: Iaponira Pontes de Souza Endo
E-mail: crasest1@sedest.df.gov.br
Endereço: Quadra 05 A/E 02 Setor Oeste – Estrutural
CEP: 712.562.60
Telefones: 61 3465 7558, 3465 6194

Cras Gama
Coordenadora: Thanandra Taiza Pereira Dias
E-mail: crasgama@sedest.df.gov.br
Endereço: A/E 11/13-Setor Central – Gama
CEP: 724.056.10
Telefones: 61 3384 8765, 3384 4810

Cras Guará
Coordenadora: Olga Maria Pimentel
E-mail: crasgua@sedest.df.gov.br
Endereço: EQ 15/26 Área Comunal nº 01 - Guará II
CEP: 710.501.50
Telefones: 61 3568 4059, 3381, 8212 3381

Cras Itapõa
Coordenadora: Jaqueline
E-mail: crasita@sedest.df.gov.br
Endereço: Q 368-conj A A/E 04 Del Lago Adm. Regional do Itapoã – Itapoã- DF
CEP: 715.900.00
Telefones: 61 3467 5838,9553-6284

Cras Núcleo Bandeirante
Coordenadora: Sonia Maria de Oliveira
E-mail: crasban@sedest.df.gov.br
Endereço: AV Central A/E Lote E
CEP: 717.055.10
Telefones: 61 3552-3421/3386-2514/3352-3567 - Ramais-26/27
Fax: 61 3386-7564

Cras Paranoá
Coordenadora: Sissi Mara
E-mail: craspar@sedest.df.gov.br
Endereço: Q 03 A/E 07 s/nº - Paranoá –DF.
CEP: 715.703.01
Telefones: 61 3408 1863, 3369 5262, 3369 1516

Cras Planaltina/DF
Coordenadora: Delma Pereira Borges
E-mail: crasplan@sedest.df.gov.br
Endereço: A/E H Lote -06 Setor Educacional – Planaltina – DF
CEP: 733.019.70
Telefones: 61 3389 4100, 3388 1167, 3389 2862

Cras P.Sul - Ceilândia
Coordenador: Raquel
E-mail: craspsul@sedest.df.gov.br
Endereço: EQNP 12/16 Lote C A/ E Setor P SUL
Telefone: 61 3376-7318

Cras Arapoanga
Coordenador:
E-mail: crasarapoanga@gmail.com
Endereço: Área Central do Arapoanga
CEP: 733.701.00
Telefone: Não tem

Cras Recanto das Emas
Coordenadora: Lucimar Alves Martins
E-mail:crasrec@sedest.df.gov.br
Endereço: Q 602 A/E LOTE 01 – Recanto das Emas - DF
CEP: 726.003.00
Telefones: 61 3332 1595, 3332 2351, 3332 1482

Cras Riacho Fundo I
Coordenadora: Daiane Sousa Guedes
E-mail: crasrfi@sedest.df.gov.br
Endereço: QS 12 A/E LOTE F – Riacho Fundo I
CEP: 718.252.26
Telefones: 61 3399 3243, 3404 6413 3399

Cras Samambaia
Coordenadora: Neuza Antônia Cavalcante
E-mail: crassam@sedest.df.gov.br
Endereço: QN 317 A/E 02 - Samambaia Sul
CEP: 723.077.17
Telefones: 61 3357 3406, 3357 5179, 3458 489, 3358-7078

Cras Samambaia Expansão
Coordenadora: Daiane Cristina
E-mail: crassamexp@sedest.df.gov.br
Endereço: QR 833 Conj. 08 Lt 01
CEP: 723.387.48
Telefones: 61 3459 -3702 / 3459 -3640

Cras Santa Maria
Coordenadora: Giane Marcia Vieira de Almeida
E-mail: crassmaria@sedest.df.gov.br
Endereço: CL 217 Bloco B A/E - Santa Maria Norte
CEP: 725.472.20
Telefones: 61 3394 5111, 3395 3884, 3394 1757

Cras São Sebastião
Coordenadora: Luciana Leal/ Erline
E-mail:crasseb@sedest.df.gov.br
Endereço: Q 201 residencial Oeste – São Sebastião – DF
CEP: 716.920.90
Telefone: 61 3339-1512

Cras Sobradinho
Coordenadora: Daniela Mumguba
E-mail: crassob@sedest.df.gov.br
Endereço: QUADRA 06 A/E 03 – Sobradinho
CEP: 730.250.60
Telefones: 61 3591 1837, 3487 5463, 3591 2203

Cras Taguatinga
Coordenadora: Iaponira Pontes
E-mail: crastag@sedest.df.gov.br
Endereço: QNG 27 A/E 04 Taguatinga Norte
CEP: 721.302.70
Telefones: 61 3354 7715, 3354 4419, 3354 7929

Cras Sobradinho Fercal
Coordenadora: Patrícia Quidute Teles de Lima
Endereço: Rodovia DF150 km 12 Qd 03 A/E (Antigo Posto Policial) Engenho Velho – Sobradinho – DF

Dados fornecidos pela defensora pública: Ingrid Quintão, Diretora do DAP, da Escola de Assistência Jurídica - CEAJUR/EASJUR
Defensoria Pública do DF
Com adaptações

18-11-2012
Por: Maria Aparecida Bandeira

ASSISTAM O VÍDEO - Função do CRAS e do CREAS para o plano Brasil Sem Miséria

Enviado em 06/06/2011
NBR ENTREVISTA 02.06.11: Entrevista realizada no Palácio do Planalto durante o lançamento do plano Brasil Sem Miséria. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população mais pobre do Brasil se encontra na região Norte e Nordeste do país. E os CRAS e os CREAS vão funcionar como porta de entrada para o plano. Para falar sobre esses e outros assuntos, a secretária Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimetno Social e Combate à Fome (MDS), Denise Colin, é a entrevistada especial do programa.

ELISABETH KUBLER-ROSS


imagem net
 
Segundo Elisabeth Kubler-Ross, experiências com a morte podem ser descritas em 5 estágios: negação (isolamento), raiva, barganha, depressão e aceitação, conhecido como “Modelo de Kübler-Ross”.
Podemos pensar neste processo, diante de qualquer tipo de perda importante em nossas vidas, seja ela por: separação, doença, mudanças significativas, amputações, dentre outras. Faz com que passemos por uma avalanche de emoções para posteriormente conseguirmos nos organizar e dar um novo sentido em nossas vidas.
 
 
1ª fase: negação/isolamento
A primeira reação psicológica que Kübler-Ross detectou nas entrevistas com doentes em fase terminal foi a negação. O doente, quando confrontado com a notícia de que tinha uma doença potencialmente mortal, reagia negando a própria verdade que lhe tinha sido comunicada. Kübler-Ross constatou que o doente entrava num estado de choque inicial e, logo de seguida, verbalizava a impossibilidade do acontecido. A negação funciona como uma defesa perante a possibilidade da morte, mais ou menos próxima. O doente não quer acreditar no que está a acontecer, há uma ameaça que é necessário negar para continuar a vida. Contudo, a negação não é definitiva e muitos doentes irão ultrapassá-la e aceitarão a dura verdade.

2ª fase: raiva
Após um período inicial em que a negação está presente no discurso e ação do doente, este poderá enveredar por sentimentos de raiva e cólera, questionando-se intrinsecamente: “por quê eu?”. Esta fase é bastante difícil, tanto para a família, como para os profissionais de saúde. O doente vocifera críticas agressivas contra os profissionais de saúde e inclusive contra a própria família. Para Kübler-Ross há que promover a tolerância perante as reações de raiva do doente. Sublinha que temos que aprender a escutar o doente e aceitar os seus acessos de raiva, percebendo que se encontra a expressar sentimentos de alívio

3ª fase: negociação
Segundo Kübler-Ross, esta fase é a menos conhecida, mas muito importante para o doente durante um curto período de tempo. Nesta etapa, o doente abandona as reações de raiva e adopta a estratégia de negociar mais tempo de vida, prometendo normalmente a entidades divinas mudanças de comportamento. Alguns doentes tentam obter um alargamento do seu tempo de vida para concretizarem um objectivo específico. Apesar da relativa frequência com que os doentes estabelecem promessas com Deus para adiar o seu fim, Kübler-Ross alerta para os indícios de culpa que esta reação emocional esconderá na sua natureza. Nalgumas circunstâncias, o doente poderá estar a martirizar-se e a fazer mais promessas – ir mais vezes à igreja, tornar-se melhor mãe ou pai –, numa tentativa de remissão de erros que pensa ter cometido no seu passado.

4ª fase: depressão
Quando já não é mais possível negar a doença, quando o doente se encontra bastante debilitado e, mais uma vez, foi internado no hospital, poderá ocorrer uma fase de depressão. Segundo Kübler-Ross, há dois tipos de depressão que merecem atuações diferentes por parte dos profissionais de saúde e da própria família: O doente poderá estar com uma depressão reativa porque simplesmente está preocupado com os cuidados aos filhos pequenos que estão em casa, a quem não pode ajudar por se encontrar hospitalizado. Nesta situação, Kübler-Ross sugere que se incuta ânimo no doente e, no caso referido. Noutras ocasiões, o doente poderá encontrar-se numa depressão preparatória. Com esta reação, o doente está a preparar-se para o seu fim, para a perda do que mais ama na vida. Nesta etapa, o silêncio e a presença amiga são fundamentais na ajuda ao doente. Esta depressão pode ser necessária para o doente entrar numa fase de aceitação do fim da sua vida. Em certas circunstâncias, ocorre uma dissociação entre a vontade da família em desejar a vida do seu familiar e a vontade do doente em partir.


5ª fase: aceitação
Esta fase representa o culminar de todas as reações emocionais do doente em fase terminal. É um “baixar das armas”, uma rendição do doente perante a iminência da morte. Para Kübler-Ross, muitos doentes, quando ajudados, alcançarão esta fase, apresentando uma necessidade de acompanhamento em que a comunicação verbal é quase nula. Para além disso, a esperança, como veremos em seguida, apresentasse como traço comum que atravessa as várias fases emocionais do doente em fase terminal.

Elisabeth Kubler-Ross psiquiatra suíça, radicada nos EUA, ficou famosa mundialmente por seus escritos e trabalho com a terminalidade da vida, enfim uma expert em assuntos sobre a morte e o morrer.
Em 1969, escreveu o seu livro mais importante e que causou grande impacto na área dos cuidados de saúde, On Death and Dying (Sobre a Morte e o Morrer), em que fala dos estagiários pelos quais as pessoas passam quando estão na fase final de vida: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
Autora de mais de 20 livros, que foram traduzidos em 26 idiomas, foi escolhida pela Time Magazine em 1999 como " um dos 100 mais importantes pensadores do século XX.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Comunidade - por Rolando Lazarte

Comunidade

Por * em 08/04/2013
 
Comunidade, a vida mais perto. Não é por acaso, que o mundo atual se volte cada vez mais para o comunitário, para as esferas de vida e ação mais próximas da pessoa, e, por que não dizê-lo, ao interior da própria pessoa, que é também comunitário, ainda que nos suceda muitas vezes que o esqueçamos.
Desde crianças, ou melhor dizendo, a partir do momento em que começamos a deixar para trás nossa infância, algo em nós começa a se perder. Deixamos a unidade, e vamos para o fragmentário. Saímos de um mundo em que nos movíamos com segurança e confiança, para um mundo em que se é obrigado a pensar e calcular, prevenir-se, desconfiar.
Mas pode se fazer o caminho de volta. De fato, a memória guarda todas as lembranças de todos os tempos vividos. Também, é claro, os da infância. E como é que pode ser vigente, ou melhor, por que é que é vigente, hoje como sempre, o comunitário?
Em que sentido, e como podemos recuperar esta dimensão, numa sociedade em mudança rápida e anonimato, em que muitas vezes se perdem os valores básicos do respeito, da confiança, do crer que essa outra pessoa que está ali, pode ser se não um colaborador ou colaboradora, pelo menos alguém que não nos causará dano nem se aproveitará de nós?
Como restabelecer a confiança em um mundo de pessoas muitas vezes desenraizadas, pessoas que perderam a noção de si mesmas, de quem são, do lugar donde vieram, de suas lutas, dos trabalhos árduos que tiveram que levar a termo para chegarem a ser quem são hoje?
Não creio que haja respostas prontas, e menos ainda respostas únicas. Creio que há vários caminhos de reencontro do comunitário em cada ser humano. Não pretendo perder tempo com generalidades, e sim falar de experiências. Coisas que vivo hoje, como diz a canção.
Tenho a impressão de que o reencontro com o eu criança é um ponto de partida importante para este reencontro do comunitário em mim. Como posso me trazer de volta, se hoje me transformei numa pessoa importante, ou pelo menos ocupada, cheia de contas a pagar, com um trânsito que me tira do sério, com familiares que às vezes também põem a prova todas as minhas capacidades de coexistência com os demais?
Posso ensaiar caminhos simples. Minha mãe transformou-se numa referência muito importante em meu caminho de volta a esta simplicidade. Outras pessoas muito queridas, no ambiente familiar mais próximo, também são referências importantes, na medida em que são pessoas que não julgam os demais pelo dinheiro ou pela posição social ou pelo nível intelectual, mas que tratam as pessoas como tais, como gente.
Eu me criei neste espaço, com estes valores. E recriei, numa medida notável, estes valores em meu círculo de amigos e de pessoas com as quais interajo, nos vários movimentos sociais ou redes de que faço parte. Mas, mais além, como diz Julio Cortázar, está no mundo.
Não o mundo pensado, mas a rua, as pessoas, com valores e formas de agir que não coincidem necessariamente com os desta rede mais próxima de que participo.
Aqui é onde me parece que pode ser interessante partilhar algumas experiências oriundas do que a gente aprende quando começa a interagir na rede da Terapia Comunitária Integrativa. A gente vai perdendo uma sensação de estranheza, vai perdendo uma sensação de estar perdido, sem rumo, sem solução. Vai recuperando uma espécie de inocência.
Aprende que a gente tem mais coisas em comum com as pessoas em volta.
Outro dia, me encontrava num aeroporto, eu me pus a olhar as pessoas. Notei que havia uma diferença grande entre minhas formas anteriores de olhar as pessoas, e percebi que este novo olhar tinha a ver, tem a ver com o que fui aprendendo na Terapia Comunitária Integrativa.
Simplesmente as pessoas que eu via, não pareciam tão estranhas ou distantes.
Acostumei-me a coexistir com pessoas muito diferentes entre si, de distintos lugares, profissões, formas de ser, etc. Isto criou uma proximidade. Este é um dos sentidos de comunidade aos quais estou me referindo aqui.
Devo esclarecer que essas notas não têm por objetivo uma discussão sociológica sobre o que é a comunidade, mas antes, um diálogo a partir da experiência, do qual, no entanto, não podem nem devem estar ausentes as contribuições da sociologia, valiosíssimas por certo.
Quando falo de comunidade, refiro-me a esta perda de um sentimento de estranheza.
Este é um sentido primeiro, elementar, entretanto muito importante para o processo de reconhecimento da pessoa por ela mesma, o processo pelo qual a pessoa volta a ter noção de quem ela é.
À medida que a pessoa volta a encontrar-se muito semelhante aos demais, o que não implica que se creia igual aos demais, mas sim muito parecida, cria-se uma familiaridade. Nas rodas de Terapia Comunitártia Integrativa, muitas vezes coexistem pessoas de vários níveis sócio-econômicos.
Estudantes e donas de casa, pessoas semi-analfabetas e doutores ou professores. Pessoas de várias idades. Rompem-se as divisórias sociais. A gente começa a encontrar-se com gente, como gente, e não a partir de uma posição social ou a partir de um papel social.
Lembro-me de uma mulher em Souza, no interior da Paraíba, o Estado em que moro. Era uma formação em TCI. A mulher disse, em certo momento: “Eu pensava que era só esposa, agora me dou conta de que posso ser eu mesma.” E tinha muita alegria. Nunca me esqueci disto. E não é um caso isolado.
Muitas pessoas chegam para as formações com posturas muito fixas. O militante social ou sindical, o professor, o funcionário público, etc. No processo formativo, os papéis começam a ceder lugar para que apareça a pessoa. Isto é o que chamo de comunidade, em um sentido primeiro ou elementar. A partir daí, a pessoa pode voltar a começar a relacionar-se consigo mesma e com os demais, a partir de outro lugar, um lugar mais seu, poderíamos dizer.
As máscaras sociais dão trabalho para se manter.
Quando volta essa inocência primeira, o menino ou a menina interior, restaura-se uma tranquilidade bastante grande. Isto que estou comentando aqui, é uma experiência, mas é uma experiência bastante difundida.
À medida que a gente vai desfazendo o estranhamento, o medo, o outro deixa de ser tão ameaçador, ou deixa de ser ameaçador completamente.
Abre-se um espaço para um tratamento mais ameno ou mais amigável, potencialmente, com pessoas novas, desconhecidas.
De algum modo, agora eu sei que essa pessoa que eu não conheço, não vai ser tão diferente de outras que eu já conheço. E isto já é outra pequena aproximação a outro grau de comunidade. Outra possibilidade de encontro menos agressivo, menos violento, porque menos preconceituoso.
Há uma espécie de crédito prévio, digamos assim. A experiência dirá qual será o rumo da relação que se poderia estabelecer, ou não. Mas, de antemão, evita-se o medo que conduz à violência. As outras pessoas, à medida que eu estou mais em meu próprio centro interior, mais enraizado em minha própria experiência e em minha própria história de vida, não são tão diferentes de outras pessoas que conheci e conheço, entre as quais, eu próprio.
Isto não é estar indo em uma direção de homogeneidade, mas antes pelo contrário, é estar desfazendo o conceito de massa, de coisa alheia e potencialmente perigosa, porque imprevisível, em direção a algo mais familiar.
E isto é, mais uma vez, em algum sentido, comunidade.
Comunidade é o comum, mas não apenas como uma questão de palavras, mas como algo comum que volta a ti, algo comum do qual te vês de novo a fazer parte. A gente pode ter-se distanciado dessa sensação de si que nos fora própria, no começo da vida.
As normas sociais, a formalidade, a necessidade de sermos aceitos.
A gente termina não sabendo mais quem é. Quando a gente começa a ver, não mais ilhado, mas reintegrado na trama social da existência, recupera esta sensação de comunidade, de ser parte do que é comum. O que é próprio do ser humano, da vida humana.
Quando a gente recupera essa sensação de pertença, de ser parte e fazer parte, a comunidade está muito perto. Isto já é comunidade, em um sentido muito essencial e muito simples.
As distintas socializações às quais fomos submetidos ao longo da vida, podem ter conseguido estabelecer uma distância com respeito ao ser real, o ser autêntico que cada um de nós é.
Não digas isto, não rias, por que tu és assim.
A gente incorpora noções negativas sobre nós mesmos, não confia mais em si mesmo, não se quer mais bem, Isto é algo muito comum, mas pode e deve ser revertido, se é que a gente quer ser feliz de novo. Se é que a gente quer viver de novo uma vida em paz, com os conflitos normais da existência, mas com a sensação de pertença à realidade, sem a qual a vida é um inferno.
Sei que aqui foram dadas apenas algumas pinceladas, a partir de experiências pessoais. É um convite para irmos mais longe. Para seguirmos buscando caminhos de recuperação de noções de pertença das quais depende em boa medida a possibilidade de uma existência plena.
Todos somos seres individuais, únicos, mas esta unicidade e originalidade não nos separam, e sim nos assemelham e nos unem à continuidade da vida, nos integram à totalidade da humanidade.
 
Tradução: Alder Júlio Ferreira Calado
 
*Rolando Lazarte, sociólogo, terapeuta comunitário, escritor. Membro do MISC-PB/Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba, e do GEPSMEC-Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental Comunitária da UFPB. Acesse os blogs http://rolandolazarte.blogspot.com/ e http://rolandolazarterapeutacomunitario.blogspot.com